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ARTÍSTICO . POÉTICO . AUTORAL

Sejam vindo bem-vindos(as)

 

Este espaço é dedicado aos meus trabalhos artísticos, pesquisas e à minha poética autoral.

Aqui compartilho a minha expressão por meio da Arte e da Fotografia.

Espero que apreciem.

WOW - Worlds of Women, Trieste, Itália, outubro 2022

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Projeto organizado por dotArt / Exhibit Around (Trieste - Itália)

para celebrar o universo feminino com coletivo de artistas fotógrafos de todo o mundo.

Integro a exposição e o livro fotográfico com a série documental “O Conselho das Anciãs das Treze Luas” - 11 fotografias autorais, lançado na Trieste Photo Days.

Convidada especial: Susan Meiselas, consagrada fotógrafa documentarista norte-americana integrante da agência Magnum Photos desde 1976 e presidente da Fundação Magnum.

O CONSELHO DAS ANCIÃS DAS 13 LUAS 

Por Lívia Kras | março 2019 - março 2020

O Conselho das Anciãs das 13 Luas reúne o conhecimento milenar da sabedoria das mulheres, comum em diversas tribos de povos nativos das Américas. Trata-se de um conjunto de ensinamentos que almeja garantir a preservação da vida na Terra, assumindo que “Tudo nasce do Profundo Feminino”.

Os ensinamentos dessa tradição são transmitidos de geração a geração sempre oralmente, por mulheres que se comprometem a desenvolver seus talentos e curar a si mesmas antes de passar esse legado adiante. Os encontros em roda de mulheres buscam propiciar harmonia com as forças da natureza e conexão com a própria essência espiritual de cada uma, sempre com pleno respeito ao meio ambiente e a todos os seres.

Entre 16 de março de 2019 e 14 de março de 2020 tive o privilégio de participar e fotografar os encontros do Conselho que se deram no Espaço Pachamama sob condução de Ivana Santos e Roberta Gentil Palma, na cidade de São Paulo, Brasil. Sentar-me em roda com mulheres tão diferentes entre si e abrir o coração para receber a história e a expressão da verdade interior de cada uma fez-me descobrir o verdadeiro significado da palavra “irmandade” (sisterhood) e o sentido de registrar a força do feminino revelada nos rituais, símbolos, gestos, olhares e em cada semblante.

ASTARTE 

Ocupação no Ateliê Atetheia, São Paulo - SP, novembro 2011

Astarte, primitiva deusa lunar da fertilidade. Personificação do arquétipo primordial da Grande Mãe, é simultaneamente a mãe amorosa, que acaricia e sustenta, mas também a mãe terrível, que envenena e 

devora. A adoração das deusas primitivas, por nossos ancestrais, advém do deslumbre das capacidades exclusivas do corpo feminino, que sangra sem dor em sincronia com a lua e é capaz, milagrosamente, de desentranhar tanto 

mulheres quanto homens e nutri-los.

 

Procurava representar simbolicamente o sangue, que é tão presente na vida da mulher. Misterioso, temido, maldito e também fonte da vida. 

Deparei com um vidro de cosmético, blush líquido, levei-o ao ateliê para pintar, porque tinha a cor exata que buscava. Na semana seguinte, outro insight: comecei a pintar com esmaltes de unha sobre suportes transparentes (acetato, chapa de PVC) e translúcidos (polietileno, papel vegetal). 

O passo seguinte foi projetar as imagens sobre o corpo, que é o suporte de tudo aquilo que se sente, mesmo o que não é racionalizado. 

Esse processo trouxe-me uma profunda compreensão da natureza feminina pela via simbólica, que é a mais universal das linguagens. Uma espécie de cura.

MESTRADO - Imagens simbólicas do feminino, Instituto de Artes da UNESP, 2009

Edvard_Munch_-_The_dance_of_life_(1899-1900)

“A mulher, em sua natureza mutável, é um mistério para o homem. A mulher, que é ao mesmo tempo uma santa, uma prostituta e uma

amante infeliz."

 

Edvard Munch 

Edvard Munch, Dança da vida (1899-1900)

Meu interesse por autoconhecimento e simbologia levou-me a desenvolver a dissertação de mestrado em Artes Visuais (Instituto de Artes da UNESP, 2009) em Arte e Psicologia e realizar uma leitura simbólica das imagens do feminino de Edvard Munch sob a perspectiva da psicologia analítica de Jung intitulada: “A santa, a prostituta e a amante infeliz”.

Tendo como base os conceitos do fundador da psicologia analítica, Carl Gustav Jung, sobre os arquétipos e o inconsciente coletivo, nesse trabalho procuro mostrar como o conteúdo simbólico universal se manifesta na expressão artística individual das obras do pintor norueguês Edvard Munch. 

 

O foco são obras de Munch que retratam a mulher e as relações afetivas entre o homem e a mulher que o artista produziu entre 1889 e 1908 e os elementos simbólicos que se repetem em suas obras, como as cores contrastantes, a flor da dor, os cabelos, entre outros em temas como atração, ciúme, dor, separação. Nesse percurso, mostro como a obra de arte pode expressar, muito além dos conflitos particulares de seu autor, o espírito da época em que foi criada mediante temas universais, pois as impactantes imagens de Munch também revelam a imagem da "nova mulher" que emergia na sociedade da virada do século XX.

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